Transmidiação: formas narrativas em novas mídias

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FONSECA Journal of Communication

Transmidiação: formas narrativas em novas mídias

Transmediation: narrative forms in new media

 

Vicente GOSCIOLA

Postdoctor por la Universidad de Algarve – Portugal


 

Introdução

A ansiedade se instala entre os especuladores quanto à possibilidade de a narrativa transmídia transformar a sociedade como um todo. Esse é um comportamento que sempre se repete assim que surgem novas tecnologias na comunicação. O surgimento do livro impresso em escala industrial, a partir da difusão da prensa de tipos móveis do século XV, trouxe desconfianças, temeridades e esperanças. A máquina de escrever, no final do século XIX, foi até mesmo vista como algo que seria utilizado em sala de aula para manipular os alunos e mecanizar o trabalho do professor. O cinema e o rádio, por sua vez, no início do século XX, foram alvo de uma diversidade de especulações tanto para o lado positivo quanto para o lado negativo. E como não lembrar o quanto a TV já foi referida como a causa de tantos problemas sociais?

A mesma conotação esteve nos comentários, hoje com menor intensidade, sobre o computador e o videogame, popularizados a partir da década de 1970. O próximo alvo são as mídias interativas móveis, que já recebem críticas sensacionalistas alertando para os perigos de motoristas descuidados que digitam mensagens para serem enviadas por “torpedos” (SMS) de seus celulares enquanto dirigem. É o caso do PSA Texting while Driving U.K. Ad   de Peter Watkins-Hughes, exibido na TV do Reino Unido no segundo semestre de 2009. É o seu primeiro trabalho profissional, formado no curso Art Media and Design da Newport School-University of Wales, onde produziu o curta. Os quatro minutos e meio tentam conscientizar os jovens motoristas britânicos a não utilizar o celular enquanto dirigirem, principalmente não digitar textos. Com produção esmerada (orçamento de 20 mil euros) contou com a coprodução da polícia do País de Gales e já foi visto por mais de dois milhões de pessoas. Neste vídeo o sensacionalismo é utilizado como força de convencimento considerando o hiperestímulo agora não mais como recurso para vender mais jornais como fora no início do século XX, como lembra Ben Singer (2001).

A título de definição conceitual, entendemos que narrativa transmídia é uma estratégia de comunicação que tem uma história dividida em algumas partes e cada parte é distribuída por aquela plataforma que melhor possa exprimi-la. Desse modo, cada parte da história é perfeitamente adequada a sua plataforma e necessariamente relacionada à outra parte da história, em que pesem alguns casos em que é perfeitamente possível acompanhar uma série na TV sem sentir falta das outras partes da história veiculadas em outras mídias. Há também um componente que não é exclusivo da narrativa transmídia, mas é um fator que fortalece e muito qualquer conteúdo comunicacional: a cultura colaborativa. A narrativa transmídia muito se beneficia das participações da audiência, que por sua vez passa a ser coautora, ainda que não predominantemente. Podemos desdobrar tais fatos em reflexões que nos levam a compreender que a cada nova tecnologia, uma modalidade expressiva surgirá, ainda que não exclua as anteriores, mas as incorpore como vemos acontecer com o surgimento e consolidação da narrativa transmídia.

 

Cómo citar:

Gosciola, V. (2013) Transmidiação: formas narrativas em novas mídias, en Fonseca Journal of Communication, Monográfico 2, 280-295.

 

Recuperado de:

http://fjc.usal.es/index.php/component/content/article/130-transmidiacaoforma

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